Quanto mais cedo o câncer for diagnosticado, melhores são as chances de recuperação. Esse processo é fundamental para planejar o tratamento adequado, que pode incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia ou terapia hormonal.
A prevenção primária tem o objetivo de reduzir o risco de desenvolvimento do câncer por meio da adoção de estilo de vida saudável:
• Exercícios regulares
• Dieta balanceada
• Manutenção do peso
• Consumo moderado de álcool.
• Não fumar
• Evitar terapia hormonal e limitar o uso após a menopausa no máximo 5 anos
O objetivo é o diagnóstico precoce para tratamento eficaz. Os sintomas como nódulos, secreção pelo bico ou alterações na pele devem ser avaliados imediatamente.
Além do exame clínico do paciente, o médico pode solicitar alguns exames para apoiar no diagnóstico preciso:
Mamografia
• Quem deve realizar:
• Mulheres acima dos 40 anos ou 10 anos antes do caso mais jovem na família.
• Risco Alto: além da mamografia, realizar ressonância magnética (RM) das mamas.
• O que é:
• Exame de raios-X das mamas, principal para rastreamento do câncer de mama.
• Diagnóstico precoce. Detecta microcalcificações e nódulos.
• Compressão das mamas, podendo causar desconforto.
• Preparo para mamografia:
• Evite TPM e menstruação para menos sensibilidade.
• Reduza desconforto com analgésicos, evite desodorante no dia do exame.
Mamografia 3D (Tomossíntese)
• O que é:
• Técnica avançada que cria imagens em camadas finas.
• Melhora a detecção e reduz falsos positivos/negativos.
• Pode ser mais cara e menos disponível.
Ultrassonografia das mamas (USM)
• O que é:
• Exame sem radiação, mais tolerado, mas menos eficaz que a mamografia.
• Diferencia nódulos sólidos e císticos, avalia gânglios axilares.
• Não detecta microcalcificações e pode gerar falsos positivos.
Ressonância magnética das mamas (RMM)
Quem deve realizar:
• Pessoas com mutações Genéticas (BRCA1, BRCA2, PALB2): RM anual a partir dos 25 anos e mamografia anual a partir dos 30 anos.
• Pessoas com mutação do Gene TP53: RM anual a partir dos 20 anos e mamografia anual a partir dos 30 anos.
• Pessoas que fizeram radioterapia no tórax: RM anual a partir dos 25 anos e mamografia anual a partir dos 30 anos.
O que é:
• Exame com campo magnético para imagens detalhadas.
• Para alto risco, avaliações adicionais e planejamento cirúrgico.
• Realizado com contraste, pode causar desconforto devido à posição e ao ruídoExame com campo magnético para imagens detalhadas.
• Para alto risco, avaliações adicionais e planejamento cirúrgico.
• Realizado com contraste, pode causar desconforto devido à posição e ao ruído.
O objetivo é padronizar a avaliação de achados em mamografias, facilitando a comunicação entre médicos e pacientes.
Categorias:
• Categoria 0: necessário exame complementar para avaliação mais precisa.
• Categoria 1: mamografia negativa; baixo risco de câncer.
• Categoria 2: achados benignos; acompanhamento de rotina.
• Categoria 3: lesão provavelmente benigna; acompanhamento em curto prazo ou biópsia.
• Categoria 4: lesão suspeita de malignidade; recomendação de biópsia.
• Categoria 5: lesão altamente suspeita de malignidade; biópsia imediata recomendada.
• Categoria 6: câncer de mama confirmado por biópsia; tratamento ainda não iniciado.
Ajuda na identificação e manejo de lesões mamárias, e facilita o diagnóstico precoce e a escolha do tratamento adequado. É essencial discutir a classificação BIRADS com o médico para entender o plano de acompanhamento.
A biópsia de mama é um procedimento para remover e analisar uma amostra de tecido mamário, a fim de verificar a presença de câncer ou células anormais.
Existem vários tipos de biópsias:
• Punção por aspiração com agulha fina (paaf): utiliza uma agulha fina para remover fluido ou células, geralmente guiada por ultrassom. É indicada para cistos ou nódulos de baixa suspeição.
• Biópsia por agulha grossa (core biopsy): remove fragmentos sólidos do tecido usando uma agulha grossa, também guiada por ultrassom. Proporciona uma amostra maior e mais precisa.
• Mamotomia: emprega uma agulha grossa e um aparelho de sucção para remover lesões suspeitas como nódulos pequenos ou microcalcificações. Pode permitir a remoção completa da lesão durante o procedimento e é guiada por ultrassom ou mamografia.
Após a biópsia, o tecido é analisado:
• Análise citológica: observa as células para identificar características de câncer, realizada em material da paaf.
• Análise anatomopatológica: examina a estrutura e composição do tecido em nível microscópico, realizado em material da core biopsy ou mamotomia.
A escolha do tipo de biópsia depende da localização e tipo de lesão, e os resultados orientam o tratamento a ser seguido.
O estudo anatomopatológico é essencial para diagnosticar o câncer de mama. Realizado por um patologista, analisa o tecido mamário removido por biópsia para distinguir células normais de cancerígenas e identificar o tipo de câncer.
Processo:
• Coleta e preparação: o tecido é obtido por biópsia e preparado em parafina para cortes finos.
• Análise microscópica: o tecido é corado e examinado para identificar características de células cancerígenas e definir o diagnóstico.
Classificação:
• Carcinoma ductal in situ (cdis): câncer restrito aos ductos mamários. O laudo descreve o padrão arquitetural e o grau nuclear.
• Carcinoma invasivo: câncer que pode se espalhar. O laudo inclui o tipo histológico e o grau histológico, além de avaliar a invasão vascular.
Estudo imuno-histoquímico:
• Receptor de estrógeno (re) e progesterona (rp): indicam tumores hormônios dependentes.
• Her2: proteína que acelera o câncer; avaliado como negativo, inconclusivo ou positivo.
• Ki-67: mede a atividade proliferativa do tumor, indicando a agressividade e resposta a tratamentos.
O diagnóstico final define o “nome” e “sobrenome” do câncer, como “Carcinoma Invasivo Micropapilar, Grau III, Luminal-Her”, orientando o tratamento.
• Carcinoma Ductal Invasivo (ou Carcinoma Invasivo Sem Outras Especificações – SOE): Tipo mais comum, que invade o tecido mamário ao redor dos ductos.
• Carcinoma Lobular Invasivo: Começa nos lóbulos da mama e pode se espalhar para o tecido mamário ao redor.
• Carcinoma Ductal In Situ (CDIS): Câncer restrito aos ductos mamários, sem invasão do tecido circundante.
• Neoplasia Lobular In Situ (CLIS): Considerada um marcador de risco, não um câncer propriamente dito, embora ainda seja referida por esse nome.
A determinação do subtipo (ou imunofenótipo) do câncer de mama é crucial para avaliar a agressividade tumoral, as chances de cura e para orientar as estratégias de tratamento. Este subtipo é identificado por meio do exame de imunoistoquímica, que analisa quatro marcadores principais:
Receptor Hormonal:
• Receptor de estrógeno (RE): considerado positivo se ≥ 1%.
• Receptor de progesterona (RP): considerado positivo se ≥ 1%.
HER2: interpretação baseada na intensidade da coloração:
• 0 = Negativo
• 1+ = Negativo
• 2+ = Inconclusivo (necessita de confirmação por FISH ou CISH. Se FISH/CISH for positivo, HER2 é considerado positivo; caso contrário, negativo).
• 3+ = Positivo
Ki-67: indicador da taxa de proliferação celular, expresso em porcentagem de 1 a 100%.
A combinação dos resultados destes quatro marcadores permite a subclassificação dos tumores de mama, influenciando diretamente o prognóstico e as opções de tratamento.
O estadiamento classifica a extensão do câncer no corpo, identificando a fase de desenvolvimento da doença (localizado, localmente avançado ou metastático). Ele é crucial para definir o tratamento e estimar o prognóstico, com estágios iniciais geralmente tendo melhores chances de cura e tratamentos menos agressivos.
Para entender e planejar o tratamento é fundamental estabelecer o estadiamento do câncer de mama, que é baseado no Sistema de Estadiamento TNM. Esse processo considera o tamanho do tumor, o envolvimento dos gânglios linfáticos e a presença de metástases.
Tipos de Estadiamento
• Estadiamento Anatômico:
• T (Tumor): tamanho do tumor primário.
• N (Nódulos): comprometimento dos linfonodos regionais.
• M (Metástases): presença de metástases à distância.
• Estadiamento Prognóstico:
• Clínico: realizado antes da cirurgia, com dados de exames de imagem e biópsia.
• Patológico: feito após a cirurgia, com base no estudo do material cirúrgico.
• Variáveis do Estadiamento Prognóstico
• T: tamanho do tumor.
• N: comprometimento dos linfonodos.
• M: metástases à distância.
• G (Grau histológico): Variando de 1 a 3.
• HER2: Positivo ou negativo.
• RE (Receptor de Estrógeno): Positivo ou negativo.
• RP (Receptor de Progesterona): Positivo ou negativo.
• Exames para Estadiamento
• Primários: avaliação do tumor e linfonodos (ultrassonografia, mamografia, ressonância magnética).
• Secundários: svaliação de metástases (tomografia, ressonância magnética, PET-CT), solicitados com base no tamanho do tumor, comprometimento linfonodal e comportamento biológico.
Estadiamento Anatômico Simplificado
Estágios:
• Estágio 0: carcinoma in Situ (localizado na mama).
• Estágio I: tumores <2 cm sem linfonodos comprometidos.
• Estágio II:
• Tumores <2 cm com linfonodos comprometidos.
• Tumores 2-5 cm com ou sem linfonodos comprometidos.
•Tumores >5 cm sem linfonodos comprometidos.
Estágio III:
• Tumores ≤5 cm com linfonodos grosseiramente comprometidos.
• Tumores >5 cm com linfonodos comprometidos.
• Tumores que se estendem para a parede torácica/pele.
• Câncer de mama inflamatório com ou sem linfonodos comprometidos.
• Estágio IV: Metástase em órgãos (ossos, pulmão, fígado, cérebro).
Doença de Paget, ou câncer do bico do seio, refere-se ao câncer raro que começa no mamilo e se estende para a aréola. Pode estar associado a câncer de mama subjacente em 85% dos casos. Representa 1-3% dos casos de câncer de mama, comum entre 50-60 anos; raro em homens.
Os sintomas podem ser coceira, vermelhidão, descamação, exsudato, crostas e secreção sanguinolenta. Pode ser confundida com dermatite.
O diagnóstico é realizado através de mamografia, ultrassonografia e, às vezes, ressonância magnética. A biópsia confirma o diagnóstico. O tratamento pode ser realizado por cirurgia conservadora (quadrantectomia) ou mastectomia, dependendo da extensão do câncer. Pode incluir reconstrução do mamilo. Radioterapia, quimioterapia e hormonioterapia podem ser indicadas conforme o caso.
O prognóstico depende da presença e extensão do câncer invasivo e do envolvimento dos gânglios linfáticos.
Câncer Inflamatório
O Carcinoma Inflamatório de Mama (CIM) é um tipo raro de câncer de mama que representa de 1% a 5% dos casos e geralmente não forma um nódulo palpável. Seus principais sintomas incluem inchaço, vermelhidão e calor na mama, que podem ser confundidos com mastite.
O diagnóstico é feito por mamografia, ultrassonografia e ressonância magnética, com biópsia confirmando a presença de câncer. O CIM é estadiado como estágio III (cT4d) ou IV se metastático.
O tratamento envolve quimioterapia neoadjuvante para reduzir o tumor, seguida de mastectomia total. Radioterapia é usada para eliminar células cancerígenas remanescentes, e terapias hormonais, alvo e imunoterapia podem ser indicadas conforme o subtipo do câncer.
O CIM tende a ter um prognóstico menos favorável .
Acompanhamento
O acompanhamento pós-tratamento do câncer de mama é crucial para detectar recidivas e garantir o sucesso do tratamento. Pode identificar recidivas locais (na mama tratada), regionais (em gânglios axilares) ou sistêmicas (em outras partes do corpo), além de novos cânceres na mama contralateral.
Fatores de risco para recidiva incluem:
• Idade abaixo de 40 anos
• Metástase em múltiplos gânglios axilares
• Tumores grandes (>2 cm, especialmente >5 cm)
• Grau histológico III
• Subtipos triplo negativo ou HER2 positivo
• Invasão angiolinfática ou vascular
Acompanhamento inclui:
• Consultas Médicas: Frequência reduzida ao longo dos anos.
• Exames de Imagem: Mamografia, ultrassonografia ou ressonância magnética.
• Exames de Sangue: Monitoramento de níveis hormonais e bioquímicos; marcadores tumorais não são eficazes sem metástases.
• Cuidados com a Saúde: Atividade física, alimentação saudável e controle do peso.
Detecção precoce de recidivas não altera o prognóstico global, e exames de rastreamento de corpo total não são recomendados de rotina. O acompanhamento é vital para a detecção rápida de problemas e para a eficácia do tratamento.