O câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do câncer de pele não melanoma. Ele representa cerca de 28% dos novos casos de câncer em mulheres, sendo também diagnosticado em homens, embora raramente (menos de 1% dos casos).
Globalmente, o câncer de mama ultrapassou o câncer de pulmão como o tipo de câncer mais comumente diagnosticado. Em 2020, foram diagnosticados cerca de 2,3 milhões de novos casos, representando aproximadamente 11,7% de todos os casos de câncer. Estima-se que, a cada ano, 1 em cada 8 mulheres desenvolva câncer de mama ao longo da vida. As taxas de incidência estão aumentando tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento (Serviços e Informações do Brasil) (INCA).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) estão implementando várias iniciativas para combater o câncer de mama. Estas incluem o aumento do acesso à detecção precoce, tratamento adequado e cuidados paliativos, além da promoção de campanhas de conscientização pública sobre os fatores de risco e prevenção. O Dia Mundial do Câncer é uma dessas iniciativas, com o objetivo de reduzir a incidência e a mortalidade por meio de esforços globais coordenados (World Health Organization (WHO) (PAHO).
Essas medidas são essenciais, pois o diagnóstico precoce e o tratamento adequado aumentam significativamente as chances de sobrevivência e melhoram a qualidade de vida dos pacientes.
As mamas, ou glândulas mamárias, têm funções importantes, principalmente em mulheres.
Sua principal função é a produção de leite materno para nutrir os bebês, graças ao tecido glandular e aos ductos que transportam o leite até o mamilo.
Além da lactação, as mamas têm um papel significativo na feminilidade e sexualidade da mulher. Elas respondem a hormônios como estrógeno e progesterona, que influenciam seu desenvolvimento e mudanças durante a adolescência, ciclos menstruais, gravidez e menopausa, e também estão relacionados ao câncer de mama.
Nos homens, as mamas estão presentes, mas em um estado menos desenvolvido e com funções limitadas.
As mamas estão localizadas na região anterior do tórax, entre a 2ª e a 6ª costela verticalmente, e entre a borda lateral do esterno e a linha axilar média horizontalmente. Um prolongamento mamário pode se estender até a axila, conhecido como prolongamento axilar da mama. Entre a mama e o músculo peitoral subjacente, há o espaço retromamário, contendo gordura e tecido conjuntivo frouxo, permitindo certa movimentação da mama.
O tamanho e a forma das mamas variam conforme fatores genéticos, étnicos, dietéticos, idade, ciclo menstrual e número de filhos. As mamas são geralmente levemente assimétricas e podem ser pendulares, com aparência cônica.
Região central (RC): localizada atrás da aréola.
A divisão em quadrantes é essencial para uma comunicação clara entre profissionais de saúde, permitindo a descrição precisa de lesões e facilitando o planejamento de biópsias, cirurgias e radioterapia, melhorando a eficácia do tratamento.
As unidades glandulares das mamas são os lóbulos, compostos por alvéolos que produzem leite. Os alvéolos, cercados por tecido conjuntivo rico em linfócitos e plasmócitos, fornecem imunidade passiva ao recém-nascido. As células mioepiteliais dos alvéolos empurram o leite para os ductos lactíferos, que transportam o leite até os mamilos.
As mamas também contêm tecido adiposo, que suporta e preenche os espaços entre as estruturas glandulares, além de vasos sanguíneos e linfáticos que nutrem as células e drenam líquidos e toxinas. Na base do mamilo, os ductos lactíferos se dividem em 15-20 orifícios, conectando-se a um sistema de ductos e lóbulos.
O câncer de mama é um crescimento descontrolado de células devido a mutações nos genes reguladores do crescimento celular. Essas mutações alteram o funcionamento das células, que se dividem sem controle, formando o câncer.
Geralmente, o câncer de mama começa nos lóbulos (glândulas produtoras de leite) ou nos ductos (passagens que drenam o leite). Pode se espalhar para tecidos próximos, linfonodos nas axilas (metástase ganglionar), e outras partes do corpo via corrente sanguínea (metástases sistêmicas).
Apenas 5-10% dos casos são hereditários, resultantes de mutações genéticas passadas de pais para filhos. A maioria dos casos (85-90%) ocorre devido ao envelhecimento e desgaste ao longo da vida.
• Causas: o câncer de mama resulta de mutações genéticas:
• 90% das mutações são adquiridas ao longo da vida (não hereditárias).
• 10% são hereditárias, transmitidas pelos pais.
• Mecanismos velulares:
• Proto-oncogenes: genes que regulam o crescimento celular. Quando mutados, tornam-se oncogenes e podem levar ao câncer.
• Genes supressores de tumor: controlam a divisão celular e reparo do DNA. Mutações nesses genes podem causar câncer.
• Mutações genéticas:
• Hereditárias:
• Características: presentes desde o nascimento e podem aumentar o risco de câncer, como os genes BRCA1 e BRCA2.
• Testes Genéticos: identificam mutações em genes como BRCA1, BRCA2, TP53, entre outros.
• Gerenciamento: mulheres com mutações hereditárias podem adotar medidas preventivas e realizar triagens precoces.
• Adquiridas:
• Características: ocorrem ao longo da vida, não herdadas.
• Causas: podem ser resultado de radiação, produtos químicos, ou eventos aleatórios.
• Fatores de risco: incluem estilo de vida, como dieta, exercício, peso, consumo de álcool e tabagismo.
Entenda a relação anatômica e histológica (tipo de células presente em cada parte da mama) e os possíveis tipos de cânceres que podem se originar em cada região da mama.
• Lóbulos:
• Função: produção de leite materno.
• Câncer: carcinomas lobulares.
• Ductos:
• Função: transporte do leite dos lóbulos até o mamilo.
• Câncer: carcinomas ductais (mais comum).
• Mamilo:
• Função: exteriorização dos ductos, permitindo a saída do leite.
• Câncer: doença de Paget da mama.
• Estroma:
• Função: suporte estrutural, envolvendo e mantendo os ductos e lóbulos.
• Câncer: tumor phyllodes.
• Vasos sanguíneos e linfáticos:
• Função: irrigação sanguínea e fluxo linfático da mama.
• Câncer: angiossarcoma e linfangiossarcoma.
• Câncer de mama: 73.610 casos (30,1%).
• Câncer de cólon e reto: 23.660 casos (9,7%).
• Câncer de colo do útero: 17.010 casos (7,0%).
• Câncer de traqueia, brônquio e pulmão: 14.540 casos (6,0%).
• Câncer de glândula tireoide: 14.160 casos (5,4%).
• Câncer de estômago: 8.140 casos (3,3%).
• Câncer de corpo do útero: 7.840 casos (3,2%).
• Câncer de ovário: 7.310 casos (3,0%). • Câncer de pâncreas: 5.690 casos (2,3%).
• Linfoma não hodgkin: 5.620 casos (2,3%)
O câncer de mama representa uma porcentagem maior do que a soma dos casos dos três tipos seguintes, sublinhando sua importância como problema de saúde públic
O câncer de mama representa uma porcentagem maior do que a soma dos casos dos três tipos seguintes, sublinhando sua importância como problema de saúde pública.
• Câncer de mama: é o mais comum entre as mulheres (excluindo cânceres de pele), representando cerca de 30% de todos os novos casos de câncer feminino.
• Estimativas: aproximadamente 300.000 novos casos anuais.
Esses dados ressaltam a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama, refletindo a gravidade do problema tanto global quanto localmente.
A probabilidade de desenvolver câncer de mama aumenta com a idade. Mulheres com menos de 40 anos têm taxas baixas de câncer de mama, representando apenas 3% a 4% dos casos diagnosticados nos EUA. As taxas de câncer de mama aumentam após os 40 anos, sendo mais altas em mulheres com mais de 70 anos. Nos EUA, a idade média para o diagnóstico é de 63 anos. Isso significa que metade das mulheres são diagnosticadas antes dos 63 anos e a outra metade após essa idade.
Mulheres negras americanas costumam ser diagnosticadas mais jovens do que mulheres brancas americanas. De 2016 a 2020, a idade média de diagnóstico para mulheres negras foi de 60 anos, comparada a 64 anos para mulheres brancas.
• Sexo:
• Ser mulher é o principal fator de risco, com uma proporção de aproximadamente 100 casos em mulheres para 1 em homens. No brasil, esperam-se 73.610 casos em mulheres e 730 em homens para este ano.
• Envelhecimento:
• O risco aumenta com a idade, especialmente após os 50 anos. O desgaste do ciclo celular e mutações genéticas são mais comuns com a idade, levando ao crescimento celular descontrolado.
• Histórico familiar:
• Ter parentes de primeiro grau com câncer de mama, especialmente se diagnosticado em idade jovem, aumenta o risco.
• Mutação genética:
• Mutações em genes como brca1, brca2, palb2 e tp53 elevam significativamente o risco.
• Exposição a estrogênio:
• Exposições prolongadas ao estrogênio, seja por terapia hormonal, contraceptivos ou menarca precoce e menopausa tardia, podem aumentar o risco.
• Menstruação precoce e menopausa tardia:
• Início precoce da menstruação e menopausa tardia aumentam o risco devido à maior exposição estrogênica ao longo da vida.
• Terapia de reposição hormonal:
• Uso prolongado de terapia hormonal após a menopausa eleva o risco.
• Densidade mamária alta:
• Tecido mamário denso pode ocultar cânceres em mamografias e aumentar o risco.
• Histórico pessoal de câncer de mama:
• Ter tido câncer de mama em uma mama aumenta o risco de desenvolver na outra ou ter recidiva.
• Histórico de lesões proliferativas:
• Lesões não cancerosas, como hiperplasia atípica ou carcinoma lobular in situ, podem aumentar o risco.
• Radiação na região do tórax:
• Tratamentos de radiação na área do tórax, especialmente na infância, aumentam o risco.
• Obesidade:
• Estar acima do peso ou obeso, particularmente após a menopausa, está associado a um maior risco.
É importante notar que ter um ou mais desses fatores de risco não garante o desenvolvimento do câncer de mama, e algumas dessas condições são modificáveis, o que pode ajudar a reduzir o risco.
• Exercícios físicos regulares:
• A atividade física mantém um peso saudável, reduz o risco de obesidade e níveis elevados de estrogênio, e fortalece o sistema imunológico.
• Dieta equilibrada e saudável:
• Uma dieta rica em vegetais, frutas, grãos integrais e baixa em gorduras saturadas ajuda a reduzir o risco. Alimentos antioxidantes e ricos em fibras são particularmente benéficos.
• Manutenção de um peso corporal saudável:
• Evitar a obesidade, especialmente após a menopausa, pode reduzir o risco de câncer de mama.
• Limitar o consumo de álcool:
• Reduzir a ingestão de álcool pode diminuir o risco de câncer de mama.
• Limitar o uso de terapia de reposição hormonal (trh):
• O uso prolongado de trh, especialmente combinando estrogênio e progesterona, está associado a um aumento do risco. O uso deve ser limitado a no máximo 5 anos.
• Educação sobre riscos genéticos e histórico familiar:
• Conhecer o histórico familiar e possíveis mutações genéticas pode ajudar na adoção de estratégias de prevenção e rastreamento precoce.
• Gravidez precoce:
• Engravidar antes dos 30 anos pode reduzir o risco de câncer de mama devido a alterações hormonais e diferenciação das células mamárias.
• Amamentação:
• Amamentar por um período prolongado pode contribuir para a redução do risco devido às alterações hormonais benéficas e eliminação de células potencialmente danificadas.
Esses fatores de proteção não garantem a prevenção do câncer de mama, mas podem significativamente reduzir o risco. É fundamental combinar hábitos saudáveis com consultas regulares ao médico e estratégias de prevenção personalizadas.
Exemplo 1: mulher obesa, que ingere álcool moderadamente e usa trh.
Risco basal: 10%
Aumento por obesidade: 30% (10% x 1,3 = 13%)
Aumento por álcool: 20% (13% x 1,2 = 15,6%)
Aumento por trh: 20% (15,6% x 1,2 = 18,7%)
Exemplo 2: mulher com menarca precoce, sem filhos, não amamenta, obesa, ingere álcool e usa TRH.
Risco basal: 10%
Aumento por fatores biológicos e modificáveis pode levar o risco a cerca de 40%.
Conhecer os fatores de risco e manter hábitos saudáveis pode ajudar a reduzir o risco de câncer de mama. Estratégias para reduzir o risco incluem uma dieta saudável, exercícios físicos regulares, controle do peso, limitação do consumo de álcool e cuidados com a terapia hormonal. É crucial monitorar esses fatores e realizar consultas regulares com profissionais de saúde.